segunda-feira, 6 de abril de 2015

As mil e uma personagens de Giovanna Antonelli



Ela é protagonista de um novo filme, SOS mulheres ao mar 2, e será a estrela da próxima novela das nove, escrita por João Emanuel Carneiro. Sócia de um restaurante orgânico no Rio e empresária das áreas de beleza e moda, Giovanna brilha nas mais diferentes funções, incluindo a de mãe de três filhos, segundo ela seu papel principal

Ela já foi garota de programa, muçulmana, delegada, mocinha, loira má, a heroica Anita Garibaldi, a madrasta de Chico Xavier, médica, apresentadora e até mesmo a Virgem Maria.

Aos 39 anos, Giovanna Antonelli já viveu as mais diferentes mulheres na televisão, no cinema e no teatro. Personagens tão diversas são mais do que um desafio para a atriz, dona de um carisma que a faz ser disputada por diretores e autores de novelas e adorada pelo público.

Em cada uma de suas criações, Giovanna arrisca, se reinventa, se joga de cabeça, iluminando a tela e tornando sua interpretação única. Há quem diga que, mais do que roubar a cena, ela rouba a novela inteira. Foi assim com a garota de programa Capitu, de Laços de família; com a muçulmana Jade, de O clone; com a delegada Helô, de Salve Jorge; com a recente Clara, de Em família, que ao lado da namorada Marina, vivida por Tainá Muller, levantou a trama de Manoel Carlos e chegou a ter torcida organizada nas redes sociais.

Mas roubar não é um verbo que se casa com a atriz, conhecida por sua generosidade com os colegas. “Ter uma parceira generosa e experiente como Giovanna facilita muito o trabalho”, diz Tainá Muller. “Não existe companheira de cena melhor”, elogia Reynaldo Gianecchini, que já fez vários pares românticos com ela e agora está filmando com a atriz SOS Mulheres ao mar 2.

Não por acaso, “compartilhar” é a palavra que ela mais gosta de usar no seu dia a dia. “Ninguém faz sucesso sozinho. Aquela galera toda que está por trás, que te ajuda daqui e dali com a câmera, os diretores, o autor, o ator, toda essa gente precisa estar junto. Se tem um ator que não está a fim de contracenar com você, que contracena para ele, que não está a fim de trabalhar... cara, a pessoa morre na praia e você vai”, ela diz. “Mas graças a Deus eu só pego gente boa”.




Na última novela que fez, Em família, Giovanna viveu um triângulo amoroso com Giane, que ela considera o seu “parceiro da vida”, e com Tainá. “Eu não a conhecia, mas foi ótimo trabalhar com ela, que estava completamente aberta para a gente fazer esse trabalho com verdade e paixão. Demos as mãos e fomos até o fim. Quando você entra com o coração aberto, com alegria, as pessoas sentem”.

Rir, se divertir, ser feliz. Isso é vital para Giovanna, dona de um sorriso que brota naturalmente no rosto, sem esforço. “A primeira coisa que eu penso quando eu vou entrar numa novela ou num filme é que vou me divertir muito. Vem antes do peso da responsabilidade do trabalho. Acho muito gostoso poder me divertir na profissão que eu tenho”, explica Giovanna, emendando que não se diverte apenas como atriz. “Todos os business que eu tenho hoje na minha vida são prazeres acima do negócio. É um privilégio poder trabalhar e ser bem-sucedida no que você tem amor, tesão, paixão de realizar”.

Além do restaurante Pomar Orgânico, em sociedade com Gianecchini, Andrea Henrique e Anisia Henrique, ela é proprietária da franquia de estética e depilação a laser Giolaser e tem vários produtos licenciados como esmaltes, bolsas, malas, óculos e semijoias.

A mulher de negócios nasceu há cerca de dez anos, fruto de um sonho e de muita luta. “Nada aconteceu na minha vida sem eu correr atrás. Tudo foi muito suado, batalhado. E 2015 é um ano de consolidação de tudo que vem sendo construído”.

Com o restaurante orgânico, Giovanna descobriu uma consciência de alimentação que não tinha. “Considero este nicho de orgânicos o futuro, porque cada vez mais as pessoas querem ter uma alimentação melhor. É aquela frase clichê, mas verdadeira: ‘você é o que você come’. Hoje eu me cuido mais nesse sentido, mas sem radicalismos. Evito açúcar, lactose e glúten, porque deixam meu metabolismo mais lento, e vou tentando encontrar esse ponto de equilíbrio que é a maior dificuldade do ser humano”.

Segundo ela, suas filhas gêmeas Antônia e Sofia, de quatro anos, se alimentam muito melhor do que Pietro (de seu casamento com Murilo Benício), de nove anos. “Esse gap de cinco anos me abriu um caminho que não existia na minha vida. E a gente vai apurando, vai melhorando, sabe?”

Ela adora um bom vinho, não resiste ao chocolate e como boa descendente de italianos ama massas, mas ultimamente tem preferido as sem glúten. “Sério, a do meu restaurante é a melhor massa que já comi na vida. Feita de arroz, tem molho de limão siciliano e queijo de cabra. Nunca comi nada igual na vida em nenhuma viagem do mundo!”, diz, exaltada.

Viajar. Está aí um programa que deixa essa pisciana ainda mais feliz. E, lógico, de preferência com toda a tropa de casa. Depois da maratona das gravações da novela Em família, Giovanna conseguiu tirar cinco meses de férias, o que não acontecia há tempos. Aproveitou o período para viajar com as crianças e o marido, o diretor Leonardo Nogueira, para Croácia, Espanha e Estados Unidos. “Ficamos indo e vindo, trabalhando, administrando, acontecendo, criando novos projetos. Fiz um curso de interpretação com meu marido em Madri e mergulhamos em peças teatrais em Nova York, além de garimparmos muita informação bacana de gastronomia orgânica para o nosso restaurante”.

“Estar casada é uma delícia. Eu não conseguiria viver sem ter um bom companheiro, como é o caso do meu”. Giovanna confessa que, se o mundo fosse menos insano, teria mais filhos, naturais ou adotados. “Gosto de gente, gosto de estar cercada de crianças, gosto muito de ser mãe, gosto de cuidar, gosto de distribuir amor. Sempre tento pensar macro na minha vida. Quanto mais a gente é micro, mais a nossa vidinha vai ficando micro e medíocre.”

Nesse sentido desponta também a Giovanna ecológica e social, uma pessoa que pensa no todo e tem consciência da sua participação para um mundo melhor. Há alguns anos, ela organiza um bazar que tem como objetivo arrecadar recursos para a Associação Agente Cidadão. Outra coisa que faz questão de fazer todos os anos é plantar árvores. “Tenho um terreno onde eu planto tudo. Tenho árvores frutíferas, tenho também horta orgânica, e isso é muito gratificante. Sinto que cada vez mais a gente faz a nossa parte, mesmo sabendo que quem deveria fazer, que é a base do nosso país, não faz. Mas como acredito que a união faz a força, essas pessoas que fazem o mundo mudar, que fazem gerações de crianças crescerem com outra mentalidade e consciência, vão melhorando o país”.

Mãezona, muitas vezes Giovanna vê sua própria cama como um ninho, que vem acolhendo os filhotes no meio da noite com seus travesseiros e bonecas. Acredita na qualidade e não na quantidade na educação. “Quando tiro um dia para estar com, é para estar com, sabe? Fico integralmente dedicada, presente, brincando ou mesmo olhando eles brincarem. Eu me dou de presente muitos dias com eles, são coisas que não abro mão. A família é a minha prioridade”.

Seu dia a dia familiar e profissional é um dinâmico jogo de encaixes em que ela vai posicionando compromissos e mesclando com pequenos prazeres. Mas sem rotina. “Eu não suporto rotina. Ela me desestabiliza, tira um pouco o meu chão. Eu levo minha vida buscando o novo, tento fazer as coisas de uma forma diferente, seja no trabalho, no casamento, nas refeições”.

Em breve, mais desafios e novidades vão colorir os seus dias. Ela começará a gravar, em maio, uma novela escrita por João Emanuel Carneiro, que deve estrear em outubro. “Era um sonho reeditar essa parceria. Foi o João que me deu, há dez anos, a primeira vilã da minha carreira, a Barbara de Da cor do pecado.”

Segundo Giovanna, sua personagem será uma mulher amoral, mas com uma boa dose de humor. “Toda personagem pode ter um potencial, o segredo é olhar através das palavras e trazer elementos novos. A novela tem muitos capítulos, então até o final você não pode desistir. Eu preciso me reinventar a cada trabalho, a cada capítulo, criar coisas para agregar ao personagem e fazer esse exercício da arte, que para mim é um grande prazer”.

Cada personagem leva a uma preparação diferente – alguns vêm com históricos que exigem laboratório e vivências, outros são mais naturalistas, mas nem por isso menos difíceis. Em todos, Giovanna se lança com energia e garra, e também com disciplina, porque o estudo das cenas requer fôlego extra nas madrugadas depois das gravações. “Quando saio do estúdio às nove da noite e vou para casa minha sequência é jantar, banho e decorar trinta cenas do dia seguinte. Mas vivo em paz e me jogo com o coração. Quando eu tenho uma meta de trabalho, um objetivo, eu vou que nem um trator, não tiro da minha cabeça enquanto eu não conquistar aquilo”.

Um dos projetos acalentados é a peça Intimidade indecente, de Leilah Assumpção, cujos direitos ela comprou há quinze anos, e que conta a história de uma mulher dos 50 aos 80 anos. Outros incluem filmes que irá produzir – como a trilogia Mulheres ao Mar – e negócios em novas e inusitadas áreas. Para dar conta de tudo isso, o cross fit, que ela define como “um descarrego”, ajuda a atriz a diminuir sua ansiedade, gastar energia e manter o corpo em forma.

Apaixonada por mudanças, Giovanna conta que, mesmo tendo projetos engatilhados para 2017, não se surpreenderia se aos 50 ou 60 anos tiver fazendo uma coisa completamente diferente do que atuar. “Acho tão legal as voltas que a vida dá. Mudar de profissão, fazer algo absolutamente novo, arriscar, inovar. Acho a vida um barato por causa disso, e no final das contas o melhor é você ter histórias para contar. Acredito que, para ser feliz, o importante é se manter com saúde, de coração aberto e levar a vida com humor”.




1 comentário:

  1. Alexsandra Oliveira8 de abril de 2015 às 05:23

    Por isso ela é tão iluminada..com essa mente aberta para tudo e todos ..sempre sera uma pessoa extraordinária.

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